7.06.2008

Máquina-Édipo

Olá a todos.
O nosso espectáculo terminou no dia 30 de Maio de 2008. Agora chega a hora de vos deixar algumas das coisas que foram escritas acerca de Máquina-Édipo. Algumas bastante felizes.
Na Revista Timeout Lisboa fomos espectáculo da semana e obtivemos uma classificação de 4/6 estrelas. Fica aqui o texto da autoria do crítico Rui Monteiro acerca do espectáculo:

"Máquina-Édipo

Univ. Nova de Lisboa

Primeiro constrói-se com determinação. Depois dá-se cabo de tudo metodicamente. Acontece quatro pisos abaixo do solo, num canto de garagem que, primeiro, parece um formigueiro de actividade laboral, e, no fim, cenário de uma orgia de violência descabelada. O assunto é Édipo, que na visão do Grupo de Teatro da Nova, embora estético-dependente, contém uma energia e um atrevimento raros de ver em palco.
A inspiração é a do costume: Édipo Rei, de Sófocles (496 a.C.-406 a.C.). E apesar de o texto original (um dos três que o autor escreveu sobre a família do rei, onde se narra o que aconteceu antes de Antígona e Édipo em Colono) tratar apenas de uma parte do mito, sendo uma espécie de investigação ético-policial sobre o assassinato de Laio e a origem do protagonista, o que domina as encenações contemporâneas é, sem dúvida, a revisão introduzida por Freud – que se tornou pilar da psicanálise e torna toda a gente incestuosa e homicida por defeito.
Máquina-Édipo, não sendo excepção, procura interrogar a regra, pôr em causa o cânone custe o que custar, se possível dar cabo do mito. E, espantosamente, cria obra nova como uma Fénix renascida do caos. Tudo se passa assim: em cena, dirigidos por Diogo Bento, Elisabete Fragoso, Francisco Belard, Joana Souza, Maria Leite, Margarida Figueiredo, Miguel Carmo, Raquel Hermínio, Ricardo Sobral, Rita Alves, Romeu Ornelas, Rui Macedo, Sara Loureiro, Susana António, Susana Blazer e Tiago de Almeida desenvencilham-se rapidamente da peça propriamente dita, arrumam o seu Sófocles, e, após uma pausa, desconstroem, ou melhor, destroem o clássico através de um texto onde cabe de tudo.
Entre anedotas preconceituosas ou apenas estúpidas, citações eruditas, que vão de Gilles Deleuze e Félix Guattari (O Anti-Édipo, que fornece farta lenha à fogueira) a Heiner Müller (criador de Hamlet/Machine, que evidentemente inspirou o título da peça), este grupo universitário mostra como a imitação é uma forma de aprendizagem do melhor que há para encontrar um estilo próprio. E como tem só uma regra: copiar os melhores. Ou seja, embora o GTN precise agora de matar o pai para evoluir, emular a estética e a política do Teatro Praga é uma opção tão arriscada como estimulante.
Rui Monteiro
terça-feira, 27 de Maio de 2008"

Fica também o link original onde se encontra o texto

http://timeout.sapo.pt/news.asp?id_news=1642

Foi também interessante o que escreveu João Lopes acerca de Máquina-Édipo. Se tiverem curiosidade, acedam ao link do Blog Sound + Vision:

http://sound--vision.blogspot.com/2008/05/teatro-na-universidade.html

Ainda de referir a menção honrosa atribuída a Máquina-Édipo pelo juri do FATAL (Festival Anual Teatro Académico de Lisboa "pela contemporaneidade da abordagem dramatúrgica e pela apropriação e eficácia no site specific dos pressupostos inscritos no processo criativo".

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